terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Verdadeiro Recurso

Para entender este texto, você precisa ouvir/ler a música Paciência, do Lenine.

Especialmente em Administração, uma das competências que é ensinada aos futuros profissionais é a capacidade de gerenciamento de recursos. Estes recursos assumem diversos nomes ao longo do curso: recursos financeiros, recursos materiais, recursos patrimoniais e recursos humanos.

Na verdade, o que todos estes “recursos” falam silenciosamente aos futuros administradores é exatamente sobre o tempo. Finanças, materiais, patrimônio e força de trabalho humano são produtos temporais.

Os recursos financeiros somente se potencializam com o tempo, com a maturidade financeira de cada empresa, tornando-se sustentável em suas operações. Isso não acontece do dia para a noite; toda tentativa de aceleração acaba em prejuízo às organizações.

Os recursos materiais seguem a mesma lógica. Leva-se tempo para desenvolver um bom fornecedor, leva-se tempo para receber uma matéria prima especial e leva-se muito tempo para que tudo isso se ajuste às necessidades da empresa.

O recurso patrimonial é reflexo do tempo. Aquilo que se tem é conseqüência das atividades desenvolvidas ao longo do tempo, da competência e da experiência que o tempo oferece àqueles que querem aprender. Quantas heranças se dissiparam no ar quando em mãos que pensavam apenas no hoje?

E os recursos humanos? Esse, certamente, é o melhor produto do tempo. A gente entra na escola para aprender, passamos alguns anos (tempo) por lá e formamos nossa base. Depois vem o tempo da faculdade e da especialização... e vamos ficando mais preparados. Dentro da empresa é o tempo que nos auxilia na formação de uma carreira, no desenvolvimento profissional, na realização dos cursos de aprimoramento. Ou seja, o “tempo” esteve ao longo de toda nossa vida de mãos dadas conosco.

Se o que falta é paciência, ou tempo para compreender e a loucura tenta fingir que tudo está normal, é sinal que devemos cantar a música do Lenine como um mantra, um lembrete para que possamos reorganizar prioridades e melhorar a qualidade de vida.

Isso requer tempo, requer preparação... mas o benefício é instantâneo, ganha-se em qualidade de vida e, principalmente, na qualidade dos relacionamentos.

Não se sobrecarregar com tarefas alem da conta, priorizar as atividades, executar com o menor número de interrupções possíveis e diminuir os excessos são receitas simples que podem transformar um dia; transformar uma vida.

Quando se consegue atingir este ponto, a gente vai perceber que mesmo que o mundo gire cada vez mais veloz, a vida é tão rara e tudo tem sua dosagem exata.

Todo exagero ou omissão são prejudiciais à saúde.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Black Friday?

Eu me recordo da adolescência, quando as pessoas criticavam uma banda de rock chamada Black Sabbath, por dizerem que o nome remetia a práticas de magia negra e coisas do tipo. Todo mundo torcia o nariz.

Agora temos a nova onda: black friday, importada das práticas do mercado americano, para estimular o consumo de produtos, imediatamente após uma das datas mais tradicionais que acontecem por lá que é o Thanksgiving (ou Dia de Ação de Graças, aqui para nós). Tudo isso acontece na penúltima semana de Novembro.

Primeiro agradece-se à família, aos amigos e a Deus pelas bênçãos recebidas durante o ano e, depois, saem às compras! Tudo isso ajuda a estimular o comércio, recuperar a economia, zerar estoques obsoletos e preparar empresas e consumidores para o Natal.

Acredito que toda estratégia de estímulo aos negócios é muito bem vinda. Ainda mais quando se conhece hábitos de consumo e cultura do seu público alvo, fica ainda melhor!

O que me incomodou profundamente foi a tentativa de empresas e sites brasileiros embarcarem nesta tendência, tentando convencer o consumidor local, dizendo promover alguma coisa com a mesma filosofia do black friday americano. Enganosamente!

Se já me incomodo com Halloween, por prefir o Dia do Folclore, imagine com uma tentativa rota de promoção ludibriante.

Entrei em alguns sites nacionais e americanos que promoveram este dia e busquei o valor cobrado por alguns produtos idênticos. A primeira coluna indica o produto, a segunda o preço cobrado no Brasil e a terceira o preço cobrado nos Estados Unidos (com dólar a R$ 2,10 para efeito de cálculo):

Produto                             Preço Brasil                Preço Estados Unidos
TV 40” LED                       1.698,00                              898,80
Tablet 7” WiFi                      699,00                              438,90
Smartphone                      1.599,00                            1.152,90
Vídeo Game                       1.399,00                              417,90

Sabemos também que a diferença de tributação entre os mercados brasileiros e americanos é abissal e merece um texto só para isso. Mas o que me chama a atenção e quero compartilhar são os preços “promocionais” praticados aqui no Brasil.

Por acaso algum destes valores lhe pareceu realmente promocional ou diferente daqueles que você observou ao longo dos últimos meses?

Fica aqui a observação sobre este momento, que pode vir a ser comercialmente interessante, mas que deve ser tratado com bastante seriedade.

Até a próxima!