É comum, em qualquer situação, que as pessoas adotem
características mais saudosistas quando percebem que perderam alguma coisa.
Aí encontramos aqueles que falam que a vida antigamente era
melhor, que as crianças eram mais educadas, que o time jogava melhor do que
hoje, que as famílias eram melhores estruturadas, que as pessoas eram mais
sinceras e tantas outras afirmativas que comparam o passado com o presente.
Na verdade, a gente só percebe o valor de alguma coisa,
depois que a perdeu. E estamos vivenciando isso...
Aqui no Estado de São Paulo, tido como um dos pilares da
economia brasileira, a questão da falta de água e da crise hídrica não é um
problema recente, na verdade ele é bem antigo. Isso é reflexo de duas coisas:
preguiça e incompetência.
Preguiça, porque o Sistema Cantareira, que abastece a região
da Grande São Paulo é um sistema que foi construído há, pelo menos, 40 anos. Ou
seja, em 40 anos este sistema não foi ampliado, mas a população cresceu de
maneira exorbitante. Como se justifica um sistema que perdura por 40 anos,
sabendo-se que ele já operava em capacidade crítica há muito tempo?
Incompetência, porque mexer em bacias hídricas,
reservatórios e outros programas similares requer boa vontade e conhecimento
técnico, coisas que não são percebidas nos governos locais, nem hoje, nem
nunca.
Fazer uma obra desta magnitude não representa votos, a moeda
única que a classe política brasileira conhece, não aparece, não fica bonito na
foto e não mostra aquela ação realizadora que tantos políticos adoram se
rotular.
É mais fácil criar uma multa para quem não economizar do que
criar um sistema que ofereça uma alternativa para não faltar água.
É mais fácil um secretário vir à TV e dizer que vai melhorar
porque está chegando o inverno (como se aqui fizesse um frio europeu) e que o
consumo vai desacelerar do que colocar o dedo na ferida, assumir que é
incompetente e deixar o posto para quem possa, efetivamente, resolver o
problema.
Tudo isso cansa. Politicagem cansa. Discurso vazio cansa. E
todas as siglas partidárias e cores também cansam. Não é a culpa de azuis ou
vermelhos. É culpa de gente incompetente e isso não tem cor ou ideologia que
sustente.
E o que sobra à população é a reclamação, o lamento pela
água que não chega às torneiras e pelo racionamento que se fará necessário.
Até a próxima!