domingo, 30 de agosto de 2009

Cecília

Eu sempre admirei os poetas pela capacidade de simplificar, de traduzir em tão poucas palavras conteúdos tão profundos. E muitas vezes com ritmo, rima e sensações que transcendem, até, o limite das palavras.

Estava pensando em escrever sobre a necessidade de atualização ou renovação que todo ser humano tem hoje em dia. As inovações tecnológicas, o constante aprimoramento e o não estagnar-se num cargo ou numa posição qualquer.

Mas aí apareceu a Cecília Meireles num livro e, com uma única frase, resumiu todo o pensamento desta escrita. Obviamente, por uma questão de estratégia, vou deixar a frase para algumas linhas mais abaixo.

Cecília Meireles, se é que alguém não a conhece, nasceu em 1901 e faleceu em 1964. É uma das maiores escritoras da língua portuguesa.

O seu próprio exemplo de vida é suficiente para o pensamento deste artigo.

Seu pai faleceu alguns meses antes dela nascer; sua mãe faleceu quando ela tinha 03 anos. Três de seus irmãos mais velhos também vieram a falecer com o passar do tempo. Seu primeiro marido cometeu suicídio e a deixou viúva com 03 crianças pequenas.

E o que ela retratava em suas poesias?

A alegria, o prazer, a sua missão enquanto poetisa. Brincava com a morte nos versos e exalava alegria e musicalidade em cada composição. Utilizava da dialética como instrumento de auto-descoberta, sem fazer-se de vítima, sem auto-piedade, apenas a consciência de seu papel e de seu mundo.

Não era depressiva, não tinha mágoas mal resolvidas, era simples, inteligente e capaz de encantar a todos, dos mais jovens aos mais velhos. Seus textos até hoje são devorados com prazer e com alegria.

Como ela mesma dizia (agora vem a frase):

“A vida só é possível reinventada”

Quantas pessoas, ao menor sinal de algum problema, sucumbem? Quantos profissionais, por conta de um superior infeliz, abandona carreiras, sai de empresas, perde a compostura ou estraga um futuro brilhante? Quantas discussões não são pontos finais na vida das pessoas (quando deveriam ser apenas vírgulas)?

Se reinventar é isso... entender que a vida continua, a empresa continua, os relacionamentos continuam, a pessoa continua!

Um verdadeiro profissional se reinventa, não importa a dificuldade, o obstáculo, sempre há uma chance de fazer melhor. Estes sim são os verdadeiros vencedores.

Boa sorte para você também.


A gente deve se reinventar todo dia!

sábado, 22 de agosto de 2009

Individualista Quem, EU?

Você já reparou como a publicidade tem se comportado de forma individualista?

A sua nova chance
Porque você merece
Você de bem com a vida
O carro que você esperava
A sua melhor escolha
Feito especialmente para você
Você não precisa mais esperar
Descubra o seu mundo
O apartamento que você sonhava...

Até mesmo no recente problema da gripe suína (H1N1), o que ouvíamos eram as medidas de prevenção que você deveria ter para se proteger.

Lave suas mãos regularmente
Mantenha-se longe de aglomerações
Não freqüente ambientes fechados
Use álcool gel após o contato com outras pessoas

Eu não me recordo de alguma campanha, de proporção semelhante, dizendo para você, quando apresentar algum sintoma, ficar em casa ou simplesmente evitar contaminar os outros.

O que mais me preocupa em tudo isso é que o senso de coletividade, de grupo ou de comunidade tem se perdido com o passar do tempo.

Depois, estas mesmas pessoas, que foram impactadas passivamente por tantos slogans individualistas, crescem e vão para o mercado de trabalho.

E o primeiro grande choque acontece: você tem que aprender a trabalhar em grupo, relacionar-se com pessoas, departamentos, clientes internos, clientes externos e toda uma infinidade de situações em que o individualismo é a única coisa que não é bem vinda neste cenário.

Estas mesmas empresas que pregam a individualismo, o nicho de mercado, a customização de seus produtos, gasta rios de dinheiro com consultorias e treinamentos tentando reverter os monstrinhos internos que ela mesma criou no ambiente externo.

É um exercício complicado, mas necessário. A reflexão pelo coletivo deve ser considerada sempre. Pode parecer quixotesco, mas ninguém vive sozinho, ninguém é auto-suficiente ao ponto de não precisar de um pouco de coletividade.

John Donne, Poeta Inglês do século XVI, já nos alertava:

“Ninguém é uma ilha em si mesmo. Cada um é uma porção do continente, uma parte do oceano.”

“A morte de cada homem diminui-me, porque sou parte da humanidade”