sábado, 24 de outubro de 2009

Aposente-se com 30 Anos

Não é interessante que uma palavra como aposentadoria tenha a mesma origem da palavra aposento? Costumamos chamar de “aposento” um dos cômodos da casa, um dos locais que utilizamos para descansar, recolher-se ou mesmo repousar.


A formação desta palavra vem do prefixo “apo”, que indica algo que está longe, afastado, separado, etc., ela vem da época medieval, quando alguém era hospedado na casa de outrém. Ou seja, alguém que está distante de seu lar era recebido em casa alheia para descansar e passar a noite.


Qual o valor social, hoje, dado a palavra aposentado? Alguém que se afastou das funções profissionais e que está distante do mercado de trabalho. Isso quando a palavra não adquire um sentido pejorativo...


Na verdade, o que quero dizer é que este distanciamento deve ser feito muito antes, de preferência próximo dos 30 anos, quando a pessoa já está crescidinha e tem poder para decidir sobre as coisas que gosta ou não, sobre as coisas que quer para sua vida ou não.


O que adianta ficar uma vida inteira numa atividade que não lhe dá prazer? Para que serve trocar o seu tempo apenas por remuneração e ver sua vida (e sua saúde) se esvair inutilmente pelos anos?


Quando a relação entre aquilo que se faz e aquilo que lhe dá prazer é intensa, certamente esta palavra perde o sentido. Você deve fazer aquilo que, reconhecidamente, tem competência e sente prazer por isso.


Isso é a verdadeira Gestão por Competências.


Fazer aquilo que sabe, aquilo que gosta e aquilo que lhe dá prazer.


Se seu filho gosta de Matemática, mas vai mal em Geografia, não adianta colocar uma professora particular de Geografia. Coloque-o com uma professora particular de Cálculo. Para desenvolver o menino ainda mais, para explorar toda a potencialidade dele e para que este talento seja o diferencial dele no futuro.


Certamente, quando esta criança estiver com 30 anos, ela vai fazer o que gosta e sabe melhor. Neste momento ela vai estar aposentada de toda a chatice de uma vida mal administrada, vai trabalhar por prazer e desenvolver suas melhores habilidades, sem se preocupar com quantos anos falta para acabar com o martírio.


Teremos grandes profissionais e excelentes pessoas.


Ela vai descobrir que aposentadoria é afastar-se do que não lhe faz bem e vai viver todos os anos em plenitude, trabalhando, sendo feliz e realizando o seu melhor.


Ninguém precisa esperar os 60 ou 70 anos para descobrir isso!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Política dos Créditos

Geralmente, sempre que a gente precisa de algum tipo de “crédito” é porque está numa situação crítica, precisando de ajuda e – pior – pagando caro por isso. Basta pensar nos créditos bancários, créditos imobiliários e outros créditos do gênero.

O que vejo agora, com grande freqüência, são os Créditos de Carbono.

Para simplificar o entendimento: Créditos de Carbono são documentos que autorizam o direito de outro poluir.

Como funciona esta nova modalidade de financiamento?

Basicamente, alguns acordos internacionais, como Protocolo de Quioto por exemplo, estabeleceram uma cota máxima de emissão de poluentes para os países desenvolvidos. Acontece que muitas empresas e muitos países não conseguem chegar nos níveis estabelecidos.

E o que eles fazem?

Ao invés de buscarem soluções alternativas para a emissão dos gases ou desenvolverem e utilizarem tecnologias menos poluentes, vão ao mercado e compram os famigerados Créditos de Carbono ou RCE (Redução Certificada de Emissões) de empresas e países que conseguiram se adequar aos padrões internacionais.

Ou seja, é o primo rico se aproveitando do primo pobre.
O primo esperto se aproveitando do primo tonto.

Se a tendência é esta, a gente poderia criar outros “créditos” e lucrar com a desgraça alheia.

Cometeu algum crime? Chame os “Créditos da Liberdade”!
Aqueles que são pessoas boas, que nunca cometeram delitos ou crimes, poderiam “vender” um pouquinho da sua bondade para aquelas pessoas que já cometeram algum tipo de infração, crime ou coisa semelhante, para diminuir a pena ou o peso na consciência dos mesmos.

Cometeu alguma infração no trânsito? Chame os “Créditos do Volante”!
Tudo bem... alguém que nunca tenha feito nada pode assumir um pouco da sua culpa em troca de alguns reais.

Agrediu alguém? Chame os “Créditos das Desculpas
Tudo bem... alguém que nunca tenha sido rude com as pessoas pode vender um pouco do seu jeito afável e diminuir sua culpa.

Para os pecados humanos existem várias fórmulas: o arrependimento, a confissão e a penitência. Mas estas são gratuitas. E são sinceras para aqueles que acreditam.

Para a poluição existe o Crédito de Carbono. Só que está é paga. E hipócrita.
Eu finjo que ajudo o meio ambiente plantando árvores e você finge que polui dentro dos níveis aceitáveis.

E tudo continua do jeito que está... o homem achando que pode mandar na natureza e querendo compensar suas sandices com invenções malucas.

E que depois ninguém venha reclamar do efeito estufa, do degelo das calotas polares, da camada de ozônio, catástrofes naturais e outros acontecimentos que não presenciávamos há 50 anos.