quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Política dos Créditos

Geralmente, sempre que a gente precisa de algum tipo de “crédito” é porque está numa situação crítica, precisando de ajuda e – pior – pagando caro por isso. Basta pensar nos créditos bancários, créditos imobiliários e outros créditos do gênero.

O que vejo agora, com grande freqüência, são os Créditos de Carbono.

Para simplificar o entendimento: Créditos de Carbono são documentos que autorizam o direito de outro poluir.

Como funciona esta nova modalidade de financiamento?

Basicamente, alguns acordos internacionais, como Protocolo de Quioto por exemplo, estabeleceram uma cota máxima de emissão de poluentes para os países desenvolvidos. Acontece que muitas empresas e muitos países não conseguem chegar nos níveis estabelecidos.

E o que eles fazem?

Ao invés de buscarem soluções alternativas para a emissão dos gases ou desenvolverem e utilizarem tecnologias menos poluentes, vão ao mercado e compram os famigerados Créditos de Carbono ou RCE (Redução Certificada de Emissões) de empresas e países que conseguiram se adequar aos padrões internacionais.

Ou seja, é o primo rico se aproveitando do primo pobre.
O primo esperto se aproveitando do primo tonto.

Se a tendência é esta, a gente poderia criar outros “créditos” e lucrar com a desgraça alheia.

Cometeu algum crime? Chame os “Créditos da Liberdade”!
Aqueles que são pessoas boas, que nunca cometeram delitos ou crimes, poderiam “vender” um pouquinho da sua bondade para aquelas pessoas que já cometeram algum tipo de infração, crime ou coisa semelhante, para diminuir a pena ou o peso na consciência dos mesmos.

Cometeu alguma infração no trânsito? Chame os “Créditos do Volante”!
Tudo bem... alguém que nunca tenha feito nada pode assumir um pouco da sua culpa em troca de alguns reais.

Agrediu alguém? Chame os “Créditos das Desculpas
Tudo bem... alguém que nunca tenha sido rude com as pessoas pode vender um pouco do seu jeito afável e diminuir sua culpa.

Para os pecados humanos existem várias fórmulas: o arrependimento, a confissão e a penitência. Mas estas são gratuitas. E são sinceras para aqueles que acreditam.

Para a poluição existe o Crédito de Carbono. Só que está é paga. E hipócrita.
Eu finjo que ajudo o meio ambiente plantando árvores e você finge que polui dentro dos níveis aceitáveis.

E tudo continua do jeito que está... o homem achando que pode mandar na natureza e querendo compensar suas sandices com invenções malucas.

E que depois ninguém venha reclamar do efeito estufa, do degelo das calotas polares, da camada de ozônio, catástrofes naturais e outros acontecimentos que não presenciávamos há 50 anos.

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